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O CORPO TRANS É A REFERÊNCIA

A cisgeneridade é tão presunçosa.
Estabelece-se como a norma e determina a impossibilidade de uma existência fora dos seus marcos. Delimita corpos.
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Apresenta-se como um Davi, sendo inspiração, mas perfeita demais para um dia ser atingida.
Podemos até tentar, mas nunca nos esculpiríamos com tamanha perfeição. Nossos corpos seriam sempre incompletos e grotescos.
Por mais perto que chegássemos, as cicatrizes ainda estariam lá:
exibindo nosso fracasso,
expondo nossas origens.
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O cisgênero pensa ser o fim. Pensa ser nosso objetivo. Pensa ser nossa referência.
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Não.
Para mim, o corpo trans é o fim em si mesmo.
Não é sobre ter um corpo “à imagem e semelhança” do cis.
Não é sobre ser uma “mulher despeitada”.
Não é sobre ser um “homem de vagina”.
O não-lugar é o lugar.
O rasgo no peito e entre as pernas é o que integra minha estética.
Os órgãos, socialmente conflitantes, são o que compõe o mosaico final.
A figura já completa.
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O corpo trans é a minha referência.

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