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CORPOS DECEPADOS CAEM

Vivemos em uma ecologia de gênero naturalista.
A biologia é o que dita nossas relações.
É como se o corpo fosse um organismo vivo que pudesse sobreviver sem uma cabeça.
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Mas corpos decepados caem.
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O corpo não preexiste o sujeito.
O corpo não tem sentido antes de quem o habita.
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O corpo é um composto de células, órgãos, hormônios e, sobretudo, de palavras.
Mas os cromossomos, ou os genes proféticos, tão profundamente escondidos por camadas fibrosas, gordurosas, invisíveis aos olhos nus, é o que dita nossas relações.
É como se a biologia preexistisse a história e fizesse sentido por si só.
Mas o corpo, e a própria biologia, são frutos da primeira tecnologia que surgiu: a palavra.
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Mas não enxergamos isso. A membrana artificialmente natureba encobre todos nós, ofusca nova visão.
Não vemos os biocódigos que produzem as supostas identidades.
Estamos doentes dos olhos. Poderíamos nos operar para ver melhor, mas certas cirurgias não são naturais. Apenas algumas.
Assim, não enxergamos o passado ou o nosso histórico.
A História nos conta histórias, mas é a tecnologia da Biologia que dita nossas relações.
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É como se não houvesse sujeito.
É como se não houvessem palavras.
É como se não houvesse política.

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